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Atemporal

A demora vocifera o desejo da chegada
causando um frenesi impróprio,
coisas de exatidão;
Sintonia permitida,
passagem liberada

O desejo agora galopa na vontade de te ver,
a passos largos a saudade
crava a espora no encantamento
Que idílio,
doce tormento.

Pecado consumindo à pancadas
a solidez do amor.


Nara C.

P.s.

À espera dela
acenando da janela
sinto que meu peito arde
e não sei se é saudade,
ou se é palpitação
eu só sei que me intimida
e é mais forte que a vida
essa coisa de paixão.

Nara C.
13/09/10

APRENDI... (Baseado no texto de Shakespeare)

APRENDI de uma forma bastante dolorosa que se pode superar a perda,
que ela vem independente de quantos artificios usamos para impedí-la.
APRENDI que dá pra se viver com a partida, que ela é substantivo impróprio quando se fala de emoção.
APRENDI de maneira insuportavelmente dolorida que uma noite é tempo demais para se passar sozinho, ainda mais se esse tempo for usado para chorar.
APRENDI que a dor, essa que se sente na solidão de dois mundos, nos modifica à medida que aprendemos à moldá-la à nossas ações; que é possível até encontrar respostas positivas nessa dor.
APRENDI que não adianta usar todas as forças e argumentos para que uma pessoa fique em nossa vida, ela não ficará a menos que queira.
APRENDI que essa mesma pessoa pode voltar com o tempo, mas esse tempo poderá repetir o passado, principalmente o que não se resolve.
APRENDI que se pode ser feliz com o que se tem. Pequenas alegrias compõe o que chamamos de felicidade, e são nas horinhas despercebidas que a encontramos.
APRENDI que ser enganado por um amor, não é tão pior que por um amigo, e que é muito fácil acreditar numa mentira dita por alguém que se importa.
APRENDI que viver dignamente, requer mais que ser alguém, é preciso ver além, ter fé e entusiasmo para levantar na queda e não perder jamais a coragem de continuar caminhando.
APRENDI que algumas pessoas continuam na nossa vida por algum motivo e normalmente levamos um tempo para reconhecê-lo.
APRENDI que é possível conviver com o descaso, desde que não se dê tanta importância a ele.
APRENDI que a melhor maneira de ser feliz é aceitar com ternura o que não se pode mudar, pois viver é encontrar na mudança o trampolim para a melhora, mas se ela não vem, não é motivo para o desespero.
APRENDI que ainda que percamos a esperança, há sempre algo novo à nossa espera, para substituir ou acrescentar o que nos falta.
APRENDI com a demora que não faz mal uma dose de pressa e aprendi com essa que nem sempre ela pode ser inimiga da perfeição.
APRENDI que o tempo de vida que me resta é ainda grande o suficiente para reaprender quantas vezes forem necessárias e até lá terei finalizado a missão de aprender, visto que enquanto viva jamais perderei essa capacidade.


Nara C.
Paraíso dos Ipês/ Setembro de 2010