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amiúde

Sonho triste com a espera
do dia que nunca vem.
O tempo parece infecundo,
o amor me parece imundo
e mudar eis a única chance de
me refazer.
Tive sonhos outrora,
sonhos iguais aos de amanhã;
nos olhos tive esperança
e no pensar uma lembrança
de que tudo fosse igual.
Igual a espera vencida,
que nunca depois da partida, 
do amor possa me arrepender.

Nara C.

Dedicatoriando

A ti meu vestido amarelo
a ti minha cara lavada
a ti o meu corpo em balanço
a ti meu desejo,
minhas vestes,
minha fala
a ti, relógio disfarçado de tempo
minha vida
disfarçada de sonhos.

Nara C,
23/1/11

Antagonismo

Há na alegria o desespero de um poeta
que por brio ou precisão ampara seu riso em meio ao descaso.
Há no prazer um misto de desconforto e morte,
mas é a isso que dão o nome de gozo.
Há na compaixão o tempero fundamental para a sorte do convívio,
sem ela o prazer e a alegria recebem nomes diversos e podem até confundir.

De alho a bugalho, o caminho é longo.



Nara C.
16/1/11

Logro

No mundo das aparências
entende-se que o engano
é o princípio do auto desconhecimento;
engana-se mais a si, do que
o outro que vos ouve.

Nara C.

Razão inconfessa

Metade de mim se encontra à beira de um precipício, esperando a outra metade jogar-se para juntar-se a ela.
Parte de mim junta seres adoráveis, tato, olfato e afins,
numa redoma de sonhos possíveis.
A outra metade que digo, ouve calada os sons do exterior. Observa, pesa, pondera... é sensitiva, é racional, mas ainda assim espera a outra metade jogar-se ao precipício para juntar-se a ela.

Nara C.