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Alento

Quem me dera
Na primavera
Olhar o sol da janela
Beijar o vento
Que tento
Tento em vão uma carícia
Delícia!
Ter a vida em cor assim
Nada ruim,
Quem dera.

Nara C.
Indigência


Peço uma esmola
a um coração carente
que de amor necessita
para se regenerar
e se assim não puder
desta forma se arrumar
peço por caridade
que façam essa penitência
apreguem-o num quadro alto e escrevam:
“- morreu de amor, paciência!”

Nara C.

A...deuses

eu que em ti habita,
Transita contraditório na condição do você
Que inconseqüente me persegue.
Sacio minha sede de pele
No vão dos sonhos noturnos,
Que soturnos tendem a me assombrar.
Impetuoso destino
Que logo me escapará
Por entre os dedos, frases e janelas
E então... será tempo de te esquecer.
Vejo-te ainda numa distância que a mim não pertence;
Como outros que se apagaram
Viraram poeira e pó
Tu apenas se vai como os outros
Numa distância que a mim não pertence mais.


Nara C.

Motim

Um beijo
que desejo
a calma que o gozo em palavras
ressoa
e retumba n´alma insana
por quase nada profana
emerge em mim a loucura
que nem mesmo a
minha cura
é capaz de aplacar.

Nara C
27/9/10

Destemperança


Como o ipêzinho solitário,
que florido permanece em meio ao tempo insólito,
assim é o meu coração que sem grandes razões vive a esmo
entre a dor e a loucura.
Há em mim o desejo pérfido de um corpo,
me consome o fogo desse destempero.
Desejo que além de imundo galopa como um cavalo
pela raiz do meu consciente, me leva ao círculo vicioso
de onde não se pode escapar a menos que se açoite o cavalo abismo a dentro.
Há em mim a insanidade obscura a qual a razão não alcança
e entre as masmorras do inconsciente habita.
Há uma feliz saudade sentida, medida pela brevidade do abraço e dos beijos. Voracidade intermitente que até me deixa doente,
da dor que não cicatriza.
O ipêzinho vive em salutar primavera,
talvez dentro de si perdure a certeza de outras muitas estações.
Tal como ele sobrevivo solitária a estiagens e outras épocas adversas,
carregando o peso da permanência.
A primavera passa, e embora o sol resseque o meu caule
eu não posso deixar o vento levar minhas flores.

Foto: Ipê florido por Nara C.