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Ode ao imperfeito

Gosto do gosto amargo do café,
da televisão sem som,
do tapete gasto, desbotado e maltratado.

Gosto de gostar do incomum,
das peripécias que apronto com minha própria imagem,
rindo sóbria e desvairadamente
do que me distrai.

Sonho sempre com um jabuti morto à beira da estrada;
ele traja roupas de humano e carrega um saco de coisas velhas às costas.
O jabuti usa botas de borracha e sorri pra mim um riso amarelo, feio, murcho. Me aproximo, ele foge, volta a dormir o sono dos mortais; mesmo animal que não pensa, faz sua pausa para a morte e eu pauso do sonho para acordar no sono, livre do espanto, apenas rindo sóbria e desvairadamente do que me distrai.

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2 comentários:

Centru Maranhão disse...

Nara, se tu dizes que esse poema é pra mim, como meu jaboti podes morrer?
Agora esse gosto amrago do café é mesmo eu, sou esse café de preferencia quente, forte e amargo.
Ta belo seu poema, mas meu jaboti deve sim permanecer vivo, por favor Nara...

Diaba... tu falas de televisão sem sommmmmm .... é tudo que eu quero e sonho e amo....
uma televisão sem som e aquele menino se exibindo nela com suas calças curtas e azuis...
Meu Deus, tu vai me matar...

Jan Andrade disse...

Com esse turbilhão de emoções que me batem à porta,ja não sei mais do que gostar.Acho que quanto mais sufocável,melhor.Ou quanto mais livre,pior.Sei lá.
Passar o tempo ja virou rotina cotidiana.Ai me vem aquela sensação de que ja vive tudo isso um dia.
Me sufoca com teus poemas que eu agradeço!

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